Participante – Quero compartilhar algo sobre a pergunta “quem é você?”: ocorre-me que a resposta esteja em algum lugar onde está o coração.
E onde está o coração?
Minha preocupação é que a mente sempre tenta localizar, concluir. Então, quando dizemos “coração”, isso logo aponta para um conceito – conhecido pela mente.
A pergunta “quem é você?” é um convite para que veja que não há um “você” em algum lugar. Nem mesmo no coração. Está muito além do coração.
Por certo, você deve cair da mente para o coração, mas o coração é o meio do caminho. Agora você tem que cair do coração ao Ser.
Sim, é muito bonito e muito mais gracioso e prazeroso encontrar-se no coração do que na mente. Mas quando você está repousado no Ser, nem mesmo dizer que é “bonito” cabe. Porque é tão imenso, que não tem palavra que caiba.
Dessa forma, a pergunta “quem é você?” está posta para colocar-nos em contato com essa visão.
Inicialmente, há um empreendimento da mente em descobrir, em saber. E todos aqueles que tentaram, com a totalidade da sua energia, em algum ponto, chegaram ao irremediável estado de frustração. Porque, simplesmente, não há como saber. Por mais que você tente, não tem como saber. Porque saber é o mesmo que conter. E para que haja o conter, tem que haver uma divisão entre o contido e o que contém. Tem que haver um você – que é, fundamentalmente, a condição em que a mente se encontra, em que as pessoas se encontram.
Todos são “alguma coisa”. Então, quando a pergunta é posta sem aviso prévio – quem é você? –, há uma tendência enorme de buscar alguma coisa. E todos juram que, mais cedo ou mais tarde, irão encontrar essa “alguma coisa”. Mas o fato é que não tem coisa nenhuma. A ideia de que você seja alguma coisa é mental, fictícia.
Por isso, o afunilamento tem uma função. Diante da pergunta “quem é você?”, dê-se conta de tudo o que você não é. Comece por tudo aquilo que pode ser visto, ouvido, cheirado, sentido ou pensado, tudo aquilo que perece, e veja o que é que fica. Isso que fica é você!